Lançamento recente, O Teste de Joelle Charbonneau é o título distópico da Editora Única, e que veio pra ficar agora com a publicação de sua sequência, Estudo Independente, que dá continuidade à saga de Cia Vale e dos perigos que ela terá que viver, já que agora está na Universidade e precisa seguir uma carreira. Quando ela pensa que o Teste acabou, mal sabe que o pior está começando...
O Teste realmente me surpreendeu, mesmo sendo um livro na média dentro do segmento distópico. Mas, em um quadro geral, eu gostei muito do que Joelle Charbonneau criou, e confio que ela saberá dar continuidade em sua história. Com Estudo Independente em mãos, pude comprovar o que já sabia: a autora acertou mais uma vez.
"O pânico queima minha garganta, mas engulo o medo e me obrigo a pensar. Não adianta me preocupar com uma penalidade desconhecida. A melhor maneira de evitar o problema é me certificar de que não há motivo para ser penalizada."
A trama da sequência é mais tranquila, já que não dependemos de introduções e apresentações. Tudo o que foi explicado no primeiro volume já está subentendido, o que torna a narrativa bem mais fluída, sem pausas para explicações. Após o desfecho inesperado do primeiro livro, sabemos que agora Cia não irá se conformar com o estilo de aprovação de candidatos do programa Teste, mas, o que ela não sabe, é que está sendo vigiada constantemente. Como então mudar a seleção e a matança de jovens, se todos os seus passos estão sendo calculados? Cia terá que contar com a ajuda de amigos duvidosos, e enquanto isso, ela acabará descobrindo que uma guerra civil está prestes a estourar em Tosu City e em todas as Colônias da Comunidade das Nações Unificadas.
"Quando coloco as sacolas vazias ao lado da escrivaninha, ouço um clique metálico sonoro, vindo da sala de estar. Começo a ir em direção ao som e ouço outro clique vindo do dormitório atrás de mim, um instante antes de as luzes se apagarem."
Pode existir um pouco de clichê ai - revolução... guerra... - porém, Joelle ainda usa sua inteligência na construção das provas do Teste - que ainda não terminou! Quando Cia entra para a Universidade, ela terá que passar por uma nova etapa, que não só inclui seus estudos, mas também, ser testada pelos veteranos de seu curso. Cada vez mais, Malencia corre mais perigo, e precisará de todas as suas forças para se virar da melhor forma possível durante as provas.
"É quando ouço o sibilo. Se é que isso pode ser chamado de sibilo. Está mais para um rosnado, como faziam os lobos que espreitavam fora dos limites de Cinco Lagos. O som arrepia a minha espinha, levanta os pelos da minha nuca e me impele para frente. Quando meus pés cruzam a soleira, olho para trás e vejo uma faixa de cobre e bronze movendo-se depressa. Olhos negros focados em mim. Escamas metálicas e pretas reluzindo nos dois lados do pescoço da cobra, formando algo parecido com um capuz. A boca se abre. Um grito sai da minha garganta..."
O que eu mais gostei em Estudo Independente, e que realmente, nunca vi em nenhum outro livro, foi a desconstrução do perfil perfeito do protagonista, que sempre é tido como o herói, o salvador, o líder, o importante nas tramas literárias. Em determinada parte do livro, Malencia se dá conta de que ela não é necessária para nenhuma revolução, e que só é uma parte dela, e que não serão os esforços dela que mudarão a Comunidade. Eu me prendi muito nesse pensamento, e acho que Joelle foi feliz em destacá-lo. Isso vai contra toda aquela mistificação de personagens principais que vemos por aí, que do nada, se tornam a peça mais importante de algo, sem mesmo existir explicação para tal coisa: apenas por ser o protagonista. A personagem de Cia entende isso, e acredito que isso dê pontos positivos para a série, já que o clichê dos personagens principais de estarem em tudo, acabam por ai.
"A faca penetra na carne. Ouço um suspiro, enquanto as mãos soltam a pressão no meu pescoço. Corre sangue pela minha mão. A faca entra mais fundo. O ar volta para os meus pulmões. Ouve-se um som alto e surdo e o corpo de [...] desmorona em cima de mim."
No fim, Estudo Independente foi uma leitura de tirar o fôlego, e elevou O Teste a outro patamar. Ainda é uma distopia na média, mas só a conclusão Graduation Day - Dia de Graduação em tradução livre - poderá definir isso. Tenho grandes expectativas para o que está por vir...
"E é então que ouço. O som da estática. Uma voz abafada. Tenho vontade de chorar de alívio e medo.
- Cia, você está ai?
As lágrimas afloram enquanto tiro o Comunicador da sacola e respondo:
- Estou, estou aqui.
Só espero estar pronta para o que está por vir."
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Ficha do Livro:
Autora: Joelle Charbonneau
Tradução por: Elisa Nazarian
Editora: Única
Páginas: 318
Lançamento: 2014
Gostei de ler uma resenha positiva desse livro, ainda que você diga que a trilogia segue apenas na média. Ainda não li O Teste, mas a trilogia me interessou desde o lançamento, quando vi o booktrailer. Daí li um monte de resenhas classificando O Teste como regular e fiquei meio desapontada (o booktrailer tinha sido tão interessante...). Ainda nem tenho os livros, mas bem, ainda estou com alguma curiosidade de lê-los.
ResponderExcluirBeijos, Livro Lab
Acho que vou esperar o lançamento do último livro da série para dar uma chance, e talvez leia em e-book. Eu ainda nem li aquele conto que a editora disponibilizou, ainda estou com preguiça da série. Mas pretendo ler, vou continuar acompanhando sua opinião até tomar minha decisão final =D
ResponderExcluirAbraços!!!
No mesmo dia em que conclui a leitura de "O Teste", li uma crítica muito positiva sobre a continuação e isso apenas aumentou a ansiedade que já era extremamente grande. Como não conheço as principais distopias do mercado, posso ler sem fazer qualquer tipo de comparação ou até mesmo achar um ou outro detalhe muito semelhante. Acho que isso fez gostar tanto do primeiro livro e, pelo que posso ver, vai fazer o mesmo com esse segundo livro.
ResponderExcluirEspero ler o mais breve possível.
Abraços,
Ricardo - www.overshockblog.com.br
Joshua, a Joelle tem me surpreendido com a série, gosto da forma como ela conduz a narrativa e o final do "EI" só vem provar o quanto ela tem a série nas mãos. Das séries que tenho acompanhado é uma das que mais gosto e estou extremamente ansioso pelo desfecho.
ResponderExcluirE muito bem lembrado essa crise de protagonista que a Cia teve, ao invés de se quebrar o ritmo - que é o que se poderia esperar - ela dá um novo tom a jornada que ela tem de seguir. Mais uma bela jogada da autora.
Dois abraços ;)