domingo, 18 de maio de 2014

Resenha - Como Viver Eternamente de Sally Nicholls


Se você chorou com A Culpa é das Estrelas, a probabilidade de você se emocionar com Como Viver Eternamente é grande. Sally Nicholls narra a curta história de um garoto com leucemia, que começa a escrever um livro sobre si mesmo, questionando-se sobre a vida, a morte, e a eternidade. Com uma escrita singular, Sally nos oferece uma obra honesta e bonita, que nos deixa tocados até sua sua última página.


"Lista nº 1 - Cinco fatos a meu respeito
1. Meu nome é Sam.
2. Tenho onze anos.
3. Coleciono histórias e fatos fantásticos.
4. Tenho leucemia.
5. Quando você estiver lendo isso, provavelmente já estarei morto."

Sam McQueen é um garoto de onze anos, e está morrendo. Os médicos dizem que ele ainda tem um ano pela frente, mas sua família tenta não atentar para os números. Sam lida melhor com sua leucemia como ninguém, e mesmo que isso lhe traga desconforto e certa tensão, ele apenas tenta ser como uma criança normal. Quando decide escrever um livro sobre sua história, colecionando fatos e histórias fantásticas, além de suas próprias reflexões sobre a vida, morte, e tudo mais, Sam descobre que pode fazer sua limitada vida valer a pena, e para isso, cria uma lista de coisas a fazer antes de morrer. Com a ajuda de amigos, como Felix, e de sua família, de alguma forma, Sam descobrirá como viver eternamente.

A principal característica de Como Viver Eternamente, é sua narração. Assim como em Extraordinário de R.J. Palacio, onde víamos o mundo através do olhar de Auggie, aqui temos uma narrativa feita por Sam, e seu linguajar infantil acrescenta uma profundidade à história, de modo que coisas que nós, "adultos", entendemos, tem um outro significado. Chega a ser poético como Sally Nicholls conduz a sequência de capítulos - todos acompanhados de datas.

"Perguntas que ninguém responde - nº 4
Morrer dói?"

O contraste da narração de uma criança com assuntos tão sérios é gritante, e em toda a leitura ficamos com o coração apertado por sabermos o quanto Sam sofre com a leucemia. Isso o obriga a passar por extensos exames, visitas diárias de uma médica, e etc. Mesmo com toda essa batalha, Sam conta com a ajuda de Felix, um garoto um pouco mais velho, também com câncer. Ao contrário do protagonista, que é reflexivo e amável, Felix é mais impulsivo, sarcástico e reclama de sua doença. Embora com diferenças, os dois possuem uma amizade forte, que rende boas aventuras.

Mesmo assim, Como Viver Eternamente tem um desfecho, onde o leitor sabe o que vai acontecer, mas como acontece, é doloroso. Como eu disse, Sally chega a ser poética através de sua escrita, e eu sinceramente acredito que sua forma de narrar algo assim foi bela. Eu realmente recomendo este livro, pois ele é tão sincero, com um linguajar lindo, e que traz tantas dúvidas e respostas sobre a vida.

"Empurrei com meus pés e me arremessei para a frente com toda força, como a gente faz em um balanço. O trenó não se moveu imediatamente, mas, logo, de repente, começou a deslizar. Devagar no começo, depois mais rápido. Senti o vento no meu rosto. Senti o frio através das luvas. Avistei os arbustos no fim da ladeira e, além deles, a longa curva do rio. 'Nunca me senti tão vivo', pensei. 'Nunca. Quero que este momento dure para sempre'. Mas os arbustos se aproximavam cada vez mais, então coloquei meus pés na neve e o trenó parou em tempo e pronto."

A nova edição da Geração está ótima, com uma diagramação impecável e folhas de qualidade. A nova capa também não deixa a desejar, e remete a uma cena linda do livro, que é inesquecível! O único problema que encontrei foi alguns errinhos de revisão - que não estavam corretos com o novo acordo ortográfico. Fora isso, a edição está incrível!

Como Viver Eternamente é um livro simples, mas tão grandioso do início ao fim.

"Acho que um enterro tem de ser divertido. As pessoas não devem usar preto. Contem só histórias engraçadas, e não as tristes, sobre mim."

***

Título: Como Viver Eternamente (Ways to Live Forever)
Autora: Sally Nicholls
Tradução por: Lidia Luther
Editora: Geração
Páginas: 230
Lançamento: 2014 (nova edição)









Outras Capas:

   

8 comentários:

  1. Oi =)

    Eu amei este livro.
    Ele é emocionante! Triste, mas belo!
    E sim, apesar de saber o que vai acontecer no final, não deixa de ser doloroso =/

    Beijos,
    Livy
    No Mundo dos Livros

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    1. Ele é realmente lindo! Tudo bem que dá pra sacar o que acontece nas últimas páginas, mas sabe, a vida de Sam compensa o final doloroso, e sério, eu amei o que Sally criou!

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  2. Eu amo A Culpa É das Estrelas e Extraordinário, mas não sei se me jogaria nesse tipo de livro de novo. ACEDE tem o diferencial da escrita e abordagem do John Green, mas alguns livros desse tipo me parecem forçar um pouco o sofrimento a ponto de eu me questionar o quão é saudável ler um livro sabendo que vamos sofrer MUITO. Eu até leria Como Viver Eternamente, mas acredito que em um outro momento.

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    1. Concordo com seu ponto de vista, e é necessário estar preparado para leituras assim, mas no fim, sabe, é gratificante, pois no geral, sempre acrescenta algo. "Como Viver Eternamente" é um livro tão simples, mas que traz uma carga séria que meio que te deixa reflexivo. É claro que você vai se apegar a Sam e aos seus amigos e etc., e ao final, você sofrerá MUITO, mas creio que tudo valerá a pena :) Leia sim!

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  3. Oie Joshua
    eu chorei um litro lendo esse livro. Amei a escrita da Sally. Ela incorporou uma criança, e a narrativa passa a dimensão exata dos sentimentos de uma criança. Amei.
    bjos
    www.mybooklit.com

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    1. Haha, eu me emocionei bastante, mas não chorei, sabe... mas isso não significa que a leitura me tocou profundamente, pois ela foi uma das mais lindas que já tive o prazer de experimentar, sobre um assunto do tipo. E bem lembrado, Sally me convenceu com sua narrativa através da mente de uma criança, e eu adorei, apenas. Quero mais.

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  4. Joshua, eu tinha ficado um pouco interessado no livro mas agora quero realmente ler. É curto e parece ser bem escrito, além do que tenho muita curiosidade quanto à forma com a qual os autores trata do tema que é sempre complicado. espero conseguir ler muito e breve.

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    1. Ele é realmente bom, e acho que Sally foi direta sobre o assunto, sem adicionar muito drama ou reduzi-lo. Simplesmente é. O assunto sobre câncer é explorado de forma inteligente, e rende bons capítulos. No final das contas, é bem tocante acompanhar Sam em sua própria jornada, enquanto ele completa sua lista de coisas a fazer antes de morrer. Recomendo!

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