domingo, 9 de dezembro de 2012

Resenha - Divergente de Veronica Roth


Desde Jogos Vorazes de Suzanne Collins, nunca li nenhum livro, no gênero distopia, que me fizesse ficar aflito para ler a continuação, ou me tornar fã nas primeiras páginas, e eu gostar de personagens cativantes, nem mesmo A Seleção de Kiera Cass conseguiu fazer isso desde que li a trilogia THG... mas Divergente de Veronica Roth foi simplesmente fantástico, que tanto eu o terminei em menos de três dias de leitura intensa. Divergente é uma distopia muito boa, que sim, pode competir com Jogos Vorazes.



"Quando abro meus olhos, apenas um instante havia se passado, mas estou em outro lugar. Estou novamente em pé no refeitório da escola, mas todas as longas mesas estão vazias, e vejo, através das paredes de vidro, que está nevando. Há dois cestos diante de mim, sobre uma das mesas. Dentro de um deles vejo um pedaço de queijo e no outro uma faca do tamanho do meu antebraço."
Página 19 

Eu não quero falar muita da história de Divergente, pois as primeiras páginas mostra a Cerimônia da Escolha onde a protagonista e narradora, Beatrice Prior irá escolher sua facção. Há cinco facções e, Divergente: Abnegação, Amizade, Franqueza, Audácia e Erudição. Vou explicar esse negócio de facções, que muita gente que não leu ainda Divergente diz que é uma cópia dos distritos de THG, e pra já esclarecer digo de antemão: Divergente não tem nada a ver com Jogos Vorazes.

"Seguro minha cabeça com as mãos e respiro profundamente. Hoje a simulação foi a mesma de ontem: alguém apontava uma arma para mim e ordenava que eu atirasse contra minha família. Quando levanto a cabeça, vejo que Quatro está me observando."
Página 278 

As facções, nesse cenário futurista - não digo distópico, pois ao longo da resenha explico como isso funciona - servem como uma forma das pessoas culparem certas razões que levam o ser humano a guerra entre si e diversos conflitos entre a sociedade. Gostei muito disso, pois a Veronica soube criar um enredo bastante esclarecedor, já no início. A Abnegação é a facção que culpa o egoísmo. A Franqueza, culpa a duplicidade, ou seja, a mentira. A Erudição, ignorância. A Amizade, a agressividade, e a Audácia, a covardia. Mas para se tornar uma pessoa de uma só facção, aos 16 anos, cada jovem passa por um teste, uma simulação, onde será apontado a facção a que ele pertence. Essa foi uma das melhores parte do livro, pois tudo faz sentido. Não contarei pois pode perder a graça na hora de ler, mas a autora soube imaginar motivos e razões que levassem a personagem Beatrice ou simplesmente Tris a escolher sua facção - o que também não direi, pois é uma grande surpresa já no início do livro.

"Eric empurra a porta do dormitório e ela se abre.
- Vocês nos escolheram - diz ele - Agora nós escolheremos vocês."
Página 80

Com as facções esclarecidas, posso falar o por que de Divergente ser descrito como uma distopia. Na verdade, não é uma distopia no início da história, e sim, uma utopia. A sociedade dividida em facções é muita tranquila e segura, o que não leva muitos conflitos entre as pessoas, assassinato são raros, e cada um vive sua vida de acordo com sua facção. Mas a distopia começa mais para o final ou metade do livro. A utopia de Divergente é uma distopia disfarçada, ou seja, Divergente é distopia sim, mas você só vai saber como ela se desenrolará no decorrer do livro, e isso é uma grande surpresa para o leitor, pois Veronica é uma autora genial, e sua escrita é cativante!

"Até mesmo com esse semblante raivoso, seus olhos parecem pensativos, e eu me lembro da maneira como seus lábios se curvavam quando ele sorria."
Página 488 

Para mostrar como Divergente é original nos termos de distopia e ainda entre os YA Books, ele não possui um triângulo amoroso... sim, foi isso que você leu! Divergente não possui um triângulo amoroso. A Beatrice não se apaixona por ninguém devido a sua facção, Abnegação, que visa não a si próprio, e sim os outros. É algo difícil de explicar, mas em Divergente não há um triângulo amoroso. Ai você me pergunta: isso é um ponto positivo ou negativo? Eu respondo que a Veronica soube quebrar esse tabu de que todo livro adolescente, jovem, sei lá, tem que ter um triângulo amoroso, mas ela mostrou que sem esse elemento a história não sofre! É bem melhor ter uma protagonista que sabe o que quer, e Tris é assim, apesar de em alguns momentos do livro ela ficar confusa, mas não aquela confusão de você não saber reagir, uma confusa que se relaciona as facções... ai dá pra sacar porque o título Divergente...

"Meus pais não teriam nenhuma dificuldade em responder essa pergunta. Mas não sou meus pais."
Página 110 

Os personagens do livro são bem legais, e Tris tem que se relacionar com amigos e enfrentar inimigos. O que vi que Roth fez com Beatrice foi espanca-la em quase todo o livro, rs, pois a Tris apanha toda hora, e é de uma modo bem agressivo. Veronica não disfarçou nas partes de luta, duelos e guerra, ela simplesmente descreveu com afinco e não maquiou a situação para aparecer menos violenta. O livro tem muito sangue, mas acho que não chega a ser o tipo de livro violento e que só tenha isso, como Assassin'S Creed, mas algo que faça parte para a construção da personalidade de Beatrice. Tris não é uma Katniss da vida, mas graças a Deus que ela não é, pois assim como Divergente é, a protagonista é original.

O desfecho é surpreendente, e os capítulos finais angustiantes, mas como disse, tudo faz parte na construção de Tris.

"O único problema é que estou em uma péssima colocação. Talvez eu até me torne uma sem-facção no final do primeiro estágio."
Página 136 

E como falei no primeiro parágrafo, Divergente tem altura o suficiente para competir com Jogos Vorazes. Fiquei divido entre as duas distopias e não sei agora qual é a melhor. Se eu tivesse lido primeiro Veronica e depois Collins, ficaria na mesma indecisão. Mas vou ter minha opinião formada quando eu concluir a série, pois estou louco para ler agora Insurgent - que em tradução livre e mais óbvia ficará Insurgente - e espero que a Editora Rocco acelere com o lançamento.

Classificação do Livro:



Sobre o Livro:



Título Nacional: Divergente
Ano de Lançamento: 2012
Número de Páginas: 500páginas
Editora: Rocco
Tradutor: Lucas Peterson
Título Original: Divergent
Ano de Lançamento: 2011
Número de Páginas: 502 páginas
Editora: HarperCollins Children's Books

16 comentários:

  1. Você realmente gostou do livro, eu nem tanto, achei um pouco enrolado o "miolo".

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    1. É, eu gostei bastante do livro, mas eu acredito que os próximos serão melhores :D

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  2. Uma distopia sem um triângulo amoroso? Isso é fantástico!!
    Já cheguei a comentar em outras oportunidades que acho totalmente desnecessário a forma como as autoras insistem em criar triângulos, que às vezes não tem nada o que acrescentar. Isso bastaria, mas com tantos detalhes positivos, acho que mais uma vez preciso colocar uma distopia na minha lista de desejados.

    Abraços
    Ricardo - www.blogovershock.com.br

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    1. Divergente é um ótimo começo, e a história é ótima... disseram que o romance no livro é muito forçado. Não entrei em detalhes para não revelar quem é o mocinho da história, mas já que não tem triângulo amoroso, a Veronica tomou uma ótima decisão!

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  3. Também estou completamente obcecado por Divergente! O mundo criado é muito incrível. E uma coisa que eu gosto muito no livro é a evolução da Tris, como ela se transforma a partir do momento que escolhe sua nova facção. Sem contar nas cenas de ação, que são de tirar o fôlego... aquela cena de violência com a Molly e a Tris é demais, quase surtei lendo.
    A única coisa que não gostei taaaanto foi o romance. É melhor do que muitos por aí, mas achei um pouquinho forçado em alguns momentos. Fora isso, o livro é perfeito (:

    Parabéns pela resenha :D E que saia logo Insurgente \O/

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    1. Pois éh, a questão do romance pode etr alguns pontos ruins, mas não tendo triângulo amoroso ficou ótimo... eu acho que com o tempo, nos próximos livros, a Roth talvez coloque um conflito entre Tris e Tobias e o amor deles é posto em prova!

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  4. Ainda não li esse livro, mas a vontade é grande. A capa é bem significativa, mas prefiro a de Insurgente, da árvore... vou compra em breve!

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    1. Leia sim, pois é um ótimo livro de tirar o fôlego e uma distopia muito original, apesar de precisar ser mais explorada nos próximos livros. O símbolo na capa - que me esqueci de mencionar na resenha - é o selo da Audácia. De Insurgent é da Amizade.

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  5. OMG! Esse é o melhor livro que já li! Divergent é muito bom, e a Tris e o Tobias formam um lindo casal! Espero que haja algum conflito entre eles nos próximos livros... Ainda não li Insurgent, mas vou esperar a Rocco lançar pra eu dar uma olhada! Boa resenha!

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    1. Tris e Tobias são perfeitos um para o outro, e sobre a questão de "conflitos", acho que vai ter mesmo... acho meio difícil não haver um "terceiro elemento" que disputará o coração da personagem...

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  6. Gostei muito da sua resenha e concordo com boa parte, mas ainda acho JV um pouco superior, mas acredito que a só faltou um pouquinho de experiência à Veronica. E adoro que Divergente não tem um triângulo amoroso, eu não aguentaria essa leitura se tivesse.

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    1. É mesmo... THG é bem superior, mas eu acho que é por causa da trilogia... ainda não li toda série Divergent, e quando eu concluir toda a leitura da trilogia eu vou ter minha opinião formada... mas no momento JV é superior, uahsuahsa! E sobre o triângulo amoroso, acho que isso é uma faceta original de Divergente, e espero que a autora explore mais em Insurgent!

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  7. Li Divergente e Insurgente (este último até o capítulo 42, mais ou menos) e até fiz uma resenha para o meu blog. Acho que é uma das melhores distopias do ano. Gostei bastante do modo como a autora desenvolveu a personagem! Com relação ao romance que ocorre entre Tris e Tobias, considero muito bem estruturado. Subestimei logo de início, mas Veronica soube torná-lo realista - principalmente com relação aos medos da Tris - e não algo fantasioso e açucarado como estamos acostumados a ver - também pudera! Até eu fiquei caidinha por ele! - mas no geral, o pano de fundo da estória é bem sólido e (spoiler!) a continuação não decepciona nem um pouco! Muito boa a sua resenha.

    Abraço!
    http://labsandtags.blogspot.com.br/

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    1. Sobre o romance de Tris e Tobias, não acho "muito bem estruturado", como você disse. Acredito que tem que ser mais evoluído. Só achei legal que não há um triângulo amoroso. Mas Tris e Tobias precisam convencer mais no romance. Insurgente deve ser melhor ainda!

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  8. eu sinceramente amei o livro adorei esse livro quero ler logo o segundo livro
    Tipo o primeiro livro foi super demais porque cada capitulo há uma revelação
    O livro,na minha opnião, só perde para Jogos Vorazes
    (Victor)

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  9. Quero muito ler esse livro e pretendo fazer isso ainda esse semestre. Gostei muito da resenha.

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