sábado, 14 de junho de 2014

Resenha - O Teste de Joelle Charbonneau


Aposta distópica da Editora Única, O Teste de Joelle Charbonneau, primeiro de uma trilogia, chega ao Brasil, e promete seguir a linha dos grandes livros do segmento literário. O Teste é realmente um livro bom, com uma história que garante uma leitura interessante, e no fim, vale a pena acompanhar essa nova série.


Malencia Vale, ou simplesmente Cia, é uma jovem da Colônia Cinco Lagos, e tudo que deseja é que seja escolhida para o Teste, um programa acadêmico que garante a formação dos novos cientistas, engenheiros, líderes, etc - aqueles que irão contribuir para a demorada reconstrução do mundo pós-guerra. Mesmo com pouca informação sobre a tal seleção, Cia é escolhida, mas antes de se mudar para Tosu City e ficar longe de sua família e de sua terra, seu pai - que também já participara do Teste anteriormente - lhe aconselha a ficar atenta e não confiar em ninguém. O que ela não sabe é que o Teste é mais do que uma seleção acadêmica, e sim, uma competição pela vida.

"Agora que minhas escolhas foram feitas, o pânico se estabelece. Amanhã estarei me afastando de tudo o que conheço para algo estranho e potencialmente perigoso. O que eu mais quero no mundo é subir na cama e puxar as cobertas sobre minha cabeça. Em vez disso, fecho a sacola, coloco no ombro e volto para minha família, na esperança de poder curtir minhas últimas horas com eles."

Com uma capa com uma arte bem legal, fica a pergunta de que se O Teste é mais uma distopia genérica. Mas pra quebrar isso logo de uma vez, já digo que o livro tem caráter suficiente para se sustentar. É claro que há toda aquela receita comum dos livros do gênero, porém Joelle Charbonneau mostra que tem suas ideias próprias, o que dá ao livro um fôlego totalmente novo e que prende o leitor.

Eu já conhecia o livro mesmo antes dele ser lançado por aqui - The Testing é o título original - e fiquei muito feliz que a Única adquiriu os direitos de publicação. Eu tinha algumas expectativas, mas me mantive neutro durante a leitura, e no fim das contas, fiquei satisfeito, e admiro bastante a obra de Charbonneau.

"Dez minutos depois, o trabalho de todos foi verificado. A oficial do Teste removeu as plantas dos candidatos, separou as não comestíveis e registrou em seu caderno. De volta à frente, ela pergunta mais uma vez se queremos mudar nossas respostas. Ela chamada cada um dos nossos nomes e espera que respondemos sim ou não. Nenhum de nós aceita a oferta.
- Bem, então - ela diz animadamente - Vocês não devem ter problema em ingerir uma amostra de cada planta que consideram comestível.
A sala fica em silêncio. Finalmente eu compreendo.
Sim - uma resposta errada será penalizada. Tontura. Vômito. Alucinações. Talvez até a morte." 

O primeiro ponto para uma distopia se firmar, é o ambiente em que a história se passa, o que levou até onde começa a narração, e qual é o estado atual da situação. Joelle recria um histórico para a destruição do mundo que conhecemos, tornando-o radioativo e em ruínas, e mostra que o atual governo, a Comunidade das Nações Unificadas, luta pela reconstrução e renovação da Terra. É interessantes como ela trata das consequências dos Estágios da guerra, e da parte técnica de como a humanidade se arranja para reverter o quadro. Após a guerra biológica, muitos territórios se tornaram estéreis, a água se tornou radioativa, além das aberrações, mutações. É nesse ambiente hostil que a história se passa, tudo tendo uma explicação bem interessante.

Malencia é uma personagem que facilmente o leitor se liga, mesmo ela não tendo muitos atrativos. Ela não é durona como Katniss Everdeen, ou impulsiva como Tris Prior, e muito menos uma prodígio como June Iparis. Cia é apenas uma garota que se esforça para tentar alcançar seus objetivos, sempre avaliando antes agir, e talvez essa simplicidade a torna uma protagonista agradável, sem ser forçada ou caricata. O modo como ela encara o Teste é incrível, pois mesmo quando ela percebe que sua vida corre perigo, ela tenta se manter estável para continuar.

"Um salta na frente dos outros. Seus olhos grandes e amarelos estão focados em mim enquanto ele se aproxima da fenda entre nós. Eu miro e atiro. A coisa grunhe com raiva enquanto a arma o atinge em cheio no peito, mas ele não para. A bala não faz ir mais devagar."

E como não podia deixar de existir, há romance no livro, mas ele é tão leve e natural, que é apenas é uma parte da história. Tomas Endress é um garoto da Colônia de Cia, e ambos serão aliados durante o Teste. O relacionamento deles é gradativo, e não toma muito espaço da trama.

E bem, uma das grandes surpresas em O Teste, é o próprio Teste. Sinceramente, ele é tão cruel, que acho que agora amo meu colégio e meus professores pelas matérias que eles passam. O Teste se divide em quatro etapas: a primeira é a parte escrita, a segunda são exames de aptidão para demonstração de habilidades, a terceira é uma prova em equipe, e então, a quarta, é uma avaliação de campo. Quando eu disse que ele é cruel, ele É cruel. Assim como Cia, você ficará horrorizado com a seleção e do modo como ela é feita. Apesar do sadismo, Joelle foi inteligente em criar provas do tipo, e teve certas partes que eu fiquei tenso e mais horrorizado.

"Depois de tudo o que vi e fiz, sou forçada a admitir que não sei exatamente quem eu sou. Entretanto, sei que preciso descobrir depressa porque essa entrevista final requer que eu mostre a eles. E essa prova acabou de começar."

Em geral, eu adorei a leitura de O Teste. O primeiro volume traz muitos aspectos positivos e originais, e acho que como distopia, pode sim, se consolidar. Estou ansioso para a continuação, Independent Study (Estudo Independente, em tradução livre), e que possivelmente chegará em breve. Recomendo!

***

Ficha do Livro:

Título: O Teste (The Testing #1)
Autora: Joelle Charbonneau
Tradução por: Santiago Nazarian
Editora: Única
Páginas 318
Gênero: Distopia, Ficção, Ação
Lançamento: 2014


Um comentário:

  1. Sua resenha foi esclarecedora, e no fim, acho que o livro é mais ou menos o que eu imagino que seja. No momento, eu não me imagino comprando o livro, mas eu leria se pegasse emprestado, ganhasse ou fizesse uma troca. Além disso, é tão curtinho que, para ler sem pretensões, pode ser uma boa. Vou deixar em stand by.

    Abraços!

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