quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Resenha - A Caçada de Andrew Fukuda

Então, este é o primeiro post do ano, e nada melhor do que começar 2014 com resenha aqui no blog, e principalmente, de um livro realmente bom. Além disso, quero desejar para todos os leitores um feliz ano novo, com muitos livros, é claro, haha!


Desde A Passagem - e até antes dele - era difícil encontrar um livro que tratasse de um mundo dominado por seres semelhantes à vampiros, e que possuísse uma trama original e reviravoltas convincentes. Em A Caçada, uma mescla de de distopia e com tons de survivor, encontramos não apenas uma história que prende a atenção do leitor, mas também, o começo de uma trilogia muito promissora.


Gene acredita ser o último eper do mundo, termo usado pelas pessoas para designar os seres humanos, que por sua vez, são suas presas. Para isso, Gene precisa se camuflar em uma sociedade animalesca, usando presas falsas, raspando todos os pelos de seu corpo, disfarçando o seu cheiro, etc., porque qualquer deslize, significa virar alimento para as pessoas ao seu redor - que são uma espécie de vampiros, mas o autor não utiliza esse nome. Quando o Soberano da nação reaparece e anuncia uma nova Caçada Eper, uma caça aos últimos humanos da Terra, todos ficam animados, menos Gene. E como ironia do destino, o número de Gene é sorteado na Loteria Eper, e agora ele terá que se juntar a caçadores vorazes em uma competição assustadora, e talvez ele não seja um dos caçadores, e sim, a caça.

"Mas, em vez de lhe contar isso, escuto a voz do meu pai. Nunca esqueça quem você é. E pela primeira vez entendo o que ele quis dizer. Era apenas outra maneira de falar Nunca esqueça quem eles são."
Página 80 

Andrew Fukuda criou uma história com uma pegada de Jogos Vorazes - é inegável a comparação - mas em vez de cair no clichê, o autor soube inserir seres assustadores na trama e construir uma distopia eletrizante. A cada capítulo concluído, o leitor quer mais, e a principal causa é a narrativa ágil em primeira pessoa de Gene. A escrita de Fukuda ajuda também, já que ele consegue descrever de modo fácil ambientes e personagens, e principalmente, entregar emoção ao protagonista, que se vê cercado por pessoas estranhas e com hábitos estranhos.

Os seres criados por Fukuda, como eu disse, são semelhantes a vampiros, apesar de não serem chamados assim. Mas não pense que eles são como os seres purpurinados de Crepúsculo ou uma versão mais jovem de Dracula. Depois desse livro, você terá uma imagem nada amigável deles. Eles só andam à noite, porque a luz do sol transforma seus corpos em ácido; ao rirem ou acharem ambiguidade em algo, eles coçam os pulsos; a relação sexual entre eles é feita com os cotovelos (?); à simples menção de eper ou sangue, carne fresca, etc, eles começam a babar sem cessar; não se incomodam se ficarem dias sem tomar banho (acho que nem tomam banho); e suas refeições se baseiam em carnes de animais cruas e pingando (ou mergulhada) em sangue. E isso só foram algumas características, além de serem ágeis e possuírem uma força sobrenatural.

"E então um relâmpago corta o céu, um brilho pungente e opressor. A terra fica instantaneamente iluminada em um preto e branco saturado, as montanhas do leste cheias de recantos escuros, o rio reluzente como prata derretida. Viro a cabeça para trás e, nesse milissegundo antes de a terra voltar à escuridão, eu os vejo: um sem-fim deles vindo em nossa direção, momentaneamente achatados como cartas no chão, protegendo-se do relâmpago. Mas são tantos... E tão perto... À distância do lançar de uma pedra. Seus olhos brilham e suas presas cintilam."
Página 274 

E quando pensamos que o livro já tinha oferecido tudo, chega a Caçada Eper e nos vemos em uma avalanche de acontecimentos. O final é desesperador, totalmente, e Fukuda nos deixa de boca caída com o desenrolar do desfecho. E é a última frase que nos deixa perdidos e loucos pela continuação - As Presas - que será lançado ainda esse ano.

É difícil dizer o quanto eu gostei de A Caçada, apesar desse primeiro volume deixar muitas coisas em aberto e não explicar a razão da sociedade ser dominada por seres assim, e como alguns humanos conseguiram sobreviver entre eles - como a família de Gene. Creio que Andrew tem muito a fazer nos próximos volumes da trilogia, mas uma coisa eu sei: estarei aguardando ansiosamente pela sequência.

***

Ficha do Livro:

Título: A Caçada (The Hunt #1)
Autor: Andrew Fukuda
Tradução por: Regiane Winarski
Editora: Intrínseca
Páginas: 288
Gênero: Distopia, Ficção, Ação

3 comentários:

  1. Hahahahahahaha eu sei que é completamente fútil da minha parte, mas eu leria esse livro só para saber como diabos se faz sexo pelos cotovelos HAHAHAHAHAHAHA Essa deve ter sido a coisa mais bizarra que eu já li!

    Mas a ideia da série parece boa, embora lembre THG mesmo, pelo que você citou. Fiquei interessada! Feliz 2014!!!

    ResponderExcluir
  2. Ótima resenha ! ...eu acabei de ler esse livro a pouco tempo e nao acho quando que lança a continuação "The Prey"...sera que vc nao teria essa informaçao ou algo do genero ??

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...