quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Resenha - Os Sete Crimes de Roma de Guillaume Prévost



Dan Brown pode ser considerado o mestre dos livros de enigmas e mistérios intricados, tendo seu sucesso com os livros O Código da Vinci e Anjos e Demônios, este último que se passa em Roma, o Vaticano, mas todos seus livros com histórias contemporâneas. Mas Guillaume Prévost soube transportar o leitor para 1514, transmitindo a atmosfera daquela época, que vivia o Renascentismo e passava por mudanças. Os Sete Crimes de Roma possui uma trama intricada, enigmática, uma incógnita, mas que é resolvida em sua conclusão. Totalmente recomendado para os fãs de Brown.


"Ao chegarmos à praça pela Via dei Burrò, compreendi que se tratava de algo muito mais sério."
Página 10 

O livro é narrado pelo jovem Guido Sinibaldi, estudante de medicina, e amante de enigmas e mistérios, isso se deve por seu pai, enquanto vivo, ter sido um xerife conhecido por toda Roma. Quando às vésperas do Natal, um corpo decapitado é encontrado em cima da estátua do imperador Marco Aurélio, com uma inscrição dizendo "Eum qui peccat..."(Aquele que peca...), e logo em seguida, na Coluna de Trajano, revela o resto da inscrição, "... Deus castigat"(... Deus castiga), fica óbvio que um assassino sanguinário está à solta pela cidade, e que não irá parar tão cedo. Guido, com a ajuda do pintor, arquiteto, engenheiro, anatomista, Leonardo da Vinci, irá iniciar uma verdadeira caçada ao serial killer, que pode estar ligado ao desaparecimento de um grande artefato Papal...

Apesar da frase de marketing da capa, dizendo que Da Vinci conduz a investigação, a grande atração deste livro é o próprio Guido, que narra os fatos através de um relato direto e objetivo, não perdendo um detalhe sequer. Isso não é um ponto negativo, porque logo nos simpatizamos com o personagem, que mesmo jovem, possui um intelecto avançado, seguindo os passos do assassino e associando minúcias que passam despercebidas pelo leitor. Pode-se dizer que boa parte do livro ele é quem conduz a investigação, ou pelo menos, é quem passa pelas intempéries e obstáculos estabelecidos pelo assassino.

"- Sou Leonardo Da Vinci, pintor, arquiteto, engenheiro, anatomista eventualmente, e, atualmente, residente do Vaticano.
- Não ignoro quem seja Leonardo Da Vinci. E também não ignoro que ele está menos ao serviço do Papa do que ao de seu irmão. Quanto ao resto de suas qualidades, saiba que não me desagradaria abater um artista como ao mais vulgar dos porcos."
Página 70 

O mais interessante da obra de Prévost, é como ele traz o leitor para aquela época, de forma tão natural, que o enredo se passa sem muitas dificuldades. Vemos um pouco de Rafael, Da Vinci, Bosch, além de um mundo de arquiteturas belas e lugares conhecidos e atualmente, pontos turísticos. E não é só essa contextualização que precisa ser admirada, mas também a introdução tanto dos assassinatos, como a relação deles com os segredos do Vaticano e obras proibidas, nos revelando pistas macabras e interessantes. Posso dizer que o assassino não poupa horror...

Em um desenrolar frenético - já que existe a tensão no ar de quando e como o próximo crime será cometido - seguimos Guido e Da Vinci por mistérios antigos que permeiam Roma, e que até agora, permaneciam ocultas, enquanto os personagens correm contra o tempo, já que um segredo promete, se revelado, desmoronar a sociedade romana e católica.

"A escada, as colunas, as cabeças... Pesadelos de um demente, eis uma expressão que se aplicava bastante bem aos crimes de horror."

O desfecho se mostra interessante, apesar do ritmo reduzido. Mesmo com o final um pouco previsível nos últimos instantes, Os Sete Crimes de Roma é aquele livro que cumpre seu papel, e que é difícil de saber se é apenas uma ficção, ou se realmente aconteceu, já que, sinceramente, não me surpreenderia se fosse baseada em fatos reais. Em geral, é o tipo de livro recomendado para o leitor que adora enigmas que envolvam história, arte e arquitetura, e principalmente, os amantes de romance policial.

***

Ficha do Livro:

Título: Os Sete Crimes de Roma (Les Sept Crimes del Rome)
Autor: Guillaume Prévost
Tradução por: Fernando Scheibe
Editora: Vertigo (um selo do Grupo Autêntica)
Páginas: 253
Lançamento: 2013

12 comentários:

  1. Oie Joshua
    Menino, sua resenha é tipo assim: para e vá agora na livraria comprar esse livro!!
    Eu amo tramas assim. Pela capa não dava nada, a frase que chama mais atenção, mas que bom saber que outro personagem rouba a cena.
    bjos
    www.mybooklit.com

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    1. O livro é ótimo, e mesmo que Leonardo da Vinci não seja o protagonista do livro, o jovem Guido é um personagem fácil de se identificar

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  2. Ai fiquei muuito interessada mesmo nesse livro sua resenha foi muito boa! Ai imagina algo com Da vinci? Mesmo que outro tome conta da visão do livro.

    Beijos
    http://www.partesdeumdiario.com/

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    1. É uma leitura surpreendente, e pra quem gosta do gênero, será um prato cheio.

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  3. Joshua, tenho acompanhado com atenção os lançamentos da Vertigo, eles muito me atraem, em especial os nórdicos, mas este também me chamou bastante a tenção! Puxando pela memória não me lembro de já ter lido um romance policial "histórico", e certametne a figura de Da Vinci dá um toque à mais na narrativa - mas secretamente agradeço ao autor por ter escolhido desenvolver um personagem próprio!

    Excelente resenha, espero poder ler o livro em breve.

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    1. Eu também li poucos livros policiais históricos nesse estilo, e foi uma grata surpresa saber que Prévost soube criar uma trama tão empolgante assim - e ainda criar um personagem próprio e com personalidade própria.

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  4. Eu, definitivamente, quero ler esse livro, e sabe que Da Vinci tem um companheiro de investigação só desperta mais a minha curiosidade, já que a história parece se formatar num estilo tipo Holmes e Watson. Eu quase comprei esse livro, mas estava muito caro =/

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    1. Da Vinci atua mais como o cérebro da investigação, e Guido - como eu disse - é quem vive as dificuldades da trama. É um livro excelente em muitos aspectos. Também acho estranho ele ser caro, sendo que a edição não possui orelhas e tem por volta de 200 páginas.

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  5. Oi Joshua,
    Eu adoro thrillers, e quando é um thriller histórico com ares conspiratórios, eu gosto ainda mais, rsrs...
    Adorei a resenha, você escreve estupendamente bem.
    Não conhecia o autor, já anotei o nome dele aqui. Vou ficar de olho.
    Abração!

    ​​​​​​Cooltural

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  6. Falou em Dan Brown já me interessou; com Da Vinci na história o interesse apenas aumenta.
    Como já havia comentado, estava aguardando ansiosamente por sua resenha (apesar de ter demorado a ler rs) e encontrei tudo o que eu queria para ter a certeza de que o livro irá me surpreender. O livro já estava na lista de desejados, mas agora a ansiedade é ainda maior e espero conseguir adquirir o quanto antes.
    Uma coisa é certa: a Vertigo ainda vai levar muitos leitores à falência kkkk

    Abraços,
    Ricardo - www.overshockblog.com.br

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  7. Esse livro só podia ser baseado em fatos reais, se o ano estivesse errado. A Itália não existia nessa época. Mas o livro muuuito bom.

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